Os jovens portugueses possuem cada vez mais qualificações académicas superiores às gerações precedentes. Se anteriormente a geração de diplomados era uma minoria, à medida em que o ensino superior se tem generalizado, esta situação tem vindo a inverter-se, confrontando estas gerações com novos desafios.
Nos dias de hoje, contrariamente ao que é expetado e ainda hoje defendido pelos saberes populares, o diploma já não mais assegura um emprego digno e de qualidade em Portugal, resultado da precariedade laboral sentida pelos mais jovens.
Embora o precariado seja composto por muitas outras condições e grupos sociais, a imagem cada vez mais comum é a de jovens, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, que terminam a sua formação, seja ao nível secundário, ou superior para iniciar uma batalha na procura de um primeiro emprego.
Aliada às dificuldades inerentes a este processo, surge também por vezes a frustração, resultado da geração anterior, ter tido acesso, aparentemente, a empregos mais estáveis e protegidos.
A inserção natural destes jovens na vida social e económica, na sua generalidade, sempre foi uma condição precária, devido à sua inexperiência profissional.
No entanto, o início do seu percurso profissional com a entrada em empregos de caráter temporário que tendencialmente se estendem muito mais para além do período considerado experimental, são formas de contratação utilizadas regularmente pelas empresas, geradoras inseguranças contratuais e financeiras, resultado direto de vínculos contratuais instáveis.
Também a contratação recorrendo ao título de estágio, período durante os quais as mesmas podem legalmente pagar salários mais baixos e oferecer menos benefícios sociais, são indicadores de falta de reconhecimento e valorização das qualificações académicas causadas pela baixa qualidade dos empregos e, proporcionalmente, dos salários baixos adquiridos.
Contudo não só estas razões levam os jovens a procurar empregos fora de Portugal. Atualmente, são cada vez mais os jovens que pela ausência de laços fortes que os prendam ao seu país de origem, veem na procura de um emprego fora a oportunidade de terem acesso a novas culturas e integrarem-se em sociedades mais desenvolvidas.
Nos dias-de-hoje, é cada vez mais importante para um jovem que procura um emprego fora de Portugal, outras condições como por exemplo, serem abrangidos por políticas laborais de países que providenciam maior proteção aos trabalhadores, mas também devido às questões de igualdade de género e minorias sociais que suscitam sentimentos de segurança e estabilidade dificilmente alcançáveis a curto, médio prazo em Portugal.
Nos próximos anos, e verificando-se uma tendência para o aumento do número de jovens a emigrar, será necessário demonstrar uma maior preocupação na sua retenção para que não venhamos a sofrer as consequências tardias desta ação.
Bruna Marques
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