A influência da tecnologia e a aceleração das mudanças decorrentes da pandemia vieram influenciar decisivamente a necessidade de transformação nas organizações em geral. As organizações, especialmente as mais centralizadoras do poder executivo necessitam agora de pessoas com capacidade de iniciativa, para fazer face aos desafios atuais. No entanto, a capacidade de iniciativa não foi desenvolvida, nem trabalhada em organizações com estas características, pelo que as pessoas não conseguem desenvolver ações de forma autónoma, ou sentem grande dificuldade em fazê-lo.
Para desenvolver esta capacidade as organizações têm de promover mudanças significativas na sua estrutura organizacional, clarificando papéis e responsabilidades para que as Pessoas possam depois, progressivamente, desenvolvendo a sua capacidade de iniciativa. Sem a definição de graus de autonomia, pelas organizações, as pessoas não conseguem desenvolver a capacidade de iniciativa.
Este é um dos grandes desafios das organizações neste período conturbado, em Portugal. A esmagadora maioria das empresas são PME que nasceram, em grande parte dos casos, do estímulo empreendedor de poucas pessoas, tendo as suas estruturas organizacionais sido moldadas em função de um núcleo-duro restrito, que com o crescimento repentino do negócio se vê forçado a alterar as suas rotinas de trabalho, em muitos casos enraizadas há longos anos.
Este processo é lento e muitas vezes penoso, mas tem de ser levado a cabo. Neste período de grandes mudanças é, provavelmente, a melhor altura para se encetar esse processo transformacional. Trata-se de um processo gradual que não pode e não deve ser implementado sem uma análise cuidada da cultura organizacional atual e uma leitura clarificadora do caminho que se pretende trilhar, em termos organizacionais, nos próximos anos.
Os sistemas de gestão de Pessoas são aqui críticos, pois permitem desenvolver a estrutura organizacional, com a qual os comportamentos das pessoas irão ser alinhados. É ao nível dos comportamentos que temos de trabalhar, todos os dias, em pequenas ações que se desenvolvem e ganham força de hábitos e rotinas de ação. O papel das chefias intermédias neste processo é, igualmente, crítico, pois sem elas, este processo de transformação não tem como obter os resultados desejados.
Esta transformação será cada vez mais importante, na medida em que lidamos com escassez de pessoas para o desenvolvimento dos negócios. A clarificação das estruturas organizacionais tem um papel fundamental da manutenção das pessoas nas organizações, bem como na capacidade das empresas em atrair perfis com as qualificações necessárias ou com o potencial necessário para a sustentabilidade das mesmas.
Este desafio de atrair e manter pessoas só poderá ser ganho com medidas que permitam o desenvolvimento de uma estrutura organizacional forte e que promova a clareza e a transparência. Precisamos de Estruturar para Desenvolver!
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Artur Ferraz é Partner na IBC.
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